sábado, 23 de junho de 2018

Xarope de açúcar invertido para abelhas sem ferrão (ASF)

Xarope de açúcar invertido para abelhas sem ferrão (ASF)

     Alimentar as abelhas é uma prática recomendada por muitos especialistas, criadores e cientistas.
Todavia, a quantidade, o tipo de alimento e a periodicidade da alimentação são questões importantes que devem ser tratadas com cuidado, pois nem todo alimento é bom, tudo que é demais faz mal e  pouco alimento também pode ser prejudicial.

    Nesta postagem não irei tratar sobre quantidades e nem periodicidade. O foco será em como preparar um alimento energético, saudável e nutritivo para as abelhas sem ferrão.

    Este preparo é baseado na receita do artigo do professor Harold Brand, ao qual tive o prazer de conhecer ao participar de alguns minicursos na Feira Combrapi de 2018 em Joinville - SC. E no artigo da pesquisadora Fábia de Mello Pereira, da Embrapa Meio Norte, ao qual fala da importância de se ter cuidado no preparo de açúcar invertido para não formar HMF(hidroximetilfurfural) em excesso.

Ingredientes:

   Neste preparo usei as quantidades abaixo, mas atualmente estou fazendo o dobro. Vocês podem multiplicar ou dividir as quantidades da fórmula para atender sua demanda.
  • 1330 gramas de açúcar
  • 600ml de água
  • 2 gramas ácido cítrico
  • 60 gramas de mel
    Recomendo usar açúcar mascavo ou demerara, mas pode ser utilizado também açúcar VHP ou cristal. Não é recomendado o uso de açúcar branco refinado.
O açúcar mascavo e demerara são açucares com mais nutrientes do que os outros açucares.
    Ao lado segue imagem com relação de propriedades e processamento do açúcar. O VHP não está na imagem, mas ele ficaria entre o demerara e o cristal.

Modo de Preparo:

  1.     Primeiramente misture em uma panela o açúcar e a água. Leve-os ao fogo e fique mexendo até que comece a sair vapor. 
  2.     Quando começar a sair vapor adicione o ácido cítrico e o mel. Mexa estes ingredientes e baixe o fogo. Deixe no fogo baixo de 25 a 30 minutos. Neste período não precisa mais mexer.





Armazenamento:

    Após preparar armazene em recipiente fechado, em local ao abrigo de luz solar/artificial. A luz acelera a formação de HMF, que é prejudicial para nós e para as abelhas. Recomendo armazenar seu mel também desta forma para prevenir a formação de HMF no mesmo. O xarope de açúcar invertido dura meses se armazenado desta forma.

Alimentando as abelhas:

    Quando for alimentar as abelhas pode-se servir o xarope puro ou adicionar algum suplemento vitamínico de aminoácidos, como o Glicopan por exemplo. A proporção é 20 gotas de Glicopan por litro de xarope. As vezes eu coloco esse suplemento. A vantagem é que as abelhas recebem um alimento que não é apenas energético, contendo mais nutrientes. A desvantagem é que após colocar esse suplemento a durabilidade do alimento diminui. Então eu costumo intercalar, as vezes dou com suplemento outras vezes sem. O importante é não armazenar misturado com o suplemento, pois estraga mais rápido, só misture na hora que for servir as abelhas.

Abaixo segue o vídeo com o preparo:


Onde comprar ácido cítrico:
   Encontrei em farmácias de manipulação e em empresas que vendem produtos para laboratórios.
Recomendo comprar em empresas que vendem produtos para laboratórios pois, apesar de ter que comprar em maior quantidade, sai muito mais em conta. Paguei em 1kg o que pagaria em 50gramas se comprasse na farmácia de manipulação.

Recomendo a leitura dos artigos abaixo aos quais me deram o embasamento para este preparo. Eles trazem informações detalhadas sobre este xarope.


ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL PARA MELIPONÍDEOS (Prof. Harold Brand.)
https://drive.google.com/file/d/0B0sT2X2prj9XM1dCUk9wOXVXOXc/view?usp=sharing

Alimentação energética para abelhas durante a entressafra (Fábia de Mello Pereira)
http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?id=22890&secao=Colunas%20Assinadas



segunda-feira, 18 de abril de 2016

Alimentador RAR para abelhas sem ferrão - Soma as vantagens do Interno e do Externo

Alimentar as abelhas sem ferrão é uma prática comum e recomendada entre os meliponicultores e apicultores. Garante alimentação nos momentos em que a florada da mata está mais escassa e ajuda as operárias a economizarem a energia que gastariam para coletar néctar no campo, dando assim suporte ao desenvolvimento da colônia.

Não vou tratar neste post sobre qual melhor xarope e nem a quantidade ideal de alimentação complementar deva ser dada. Isso é um assunto longo que irei tratar em outro post. Este post irá mostrar como montar um Alimentador RAR.

Alimentadores Externos
Vantagens: é mais prático pois alimenta várias colônias de uma vez e não precisar abrir o ninho para dar alimento as colônias;
Desvantagens: atrai abelhas apis e não possibilita medir com precisão a quantidade de alimento dado para cada colônia.

Alimentadores Internos
Vantagens: sabe-se exatamente quanto a colônia esta consumindo e não atrai outras abelhas;
Desvantagens: necessário abrir a colônia para encher o alimentador, o que incomoda as abelhas e pode ocasionar algumas mortes.

O Alimentador RAR une todas as vantagens dos dois modelos. Além disso sua construção é simples e barata. Ele consiste basicamente em um copo na parte interna da colmeia ligado por um cano a outro copo que está na parte externa com uma garrafa pet de 500 ml (pode ser de outra medida) de cabeça para baixo dentro do copo externo.

Abaixo segue uma figura do modelo:

O sistema funciona utilizando a pressão atmosfera que está dentro da garrafa para impedir que o liquido escorra todo de uma só vez para os copos. É o mesmo principio de um bebedouro de pássaros. O importante para que este principio funcione corretamente é que os copos devem estar em altura muito semelhantes, não podendo o copo de dentro estar muito abaixo nem muito acima do copo de fora. Eu deixei o copo de dentro levemente abaixo do copo de fora para deixar o copo de dentro um pouco mais cheio que o de fora. Dentro do copo de dentro é importante ter uma tela, que pode ser sombrite ou clarite ou mosquiteiro, para ajudar as abelhas a escalarem e não se afogarem e também impedir que elas tapem o buraco do cano que se comunica com o copo de fora.

Materiais:
2 copos de plásticos resistente - usei de requeijão, fique atento pois alguns copos tem a base do fundo muito alta e essa característica acaba desperdiçando espaço.









15 cm de mangueira de silicone para aquários - a mangueira de silicone é bem flexível, barata e fácil de achar em lojas de aquário. Ideal é levar o canudinho na loja de aquário e ver a mangueira que encaixa bem;







1 Válvula divisor de ar Passagem: encontra em lojas de aquários também;










2 Chulinha de PVC de 1/4", encontrada em agropecuárias que trabalham com materiais para irrigação. Custa centavos.










2 Adaptador AD-1, encontrado em agropecuárias que trabalham com materiais para irrigação. Custa centavos.





1 garrafa pet de 500ml - Tome o cuidado quando escolher a garrafa para que quando colocada de cabeça para baixo no copo a boca não encoste no fundo, se encostar não permitirá a saída do xarope. A boca da garrafa deve ficar acima da saída do adaptador AD-1.







1 pedaço de aproximadamente 3cm x 5cm de tela mosquiteiro.










1 Caixa para ficar de apoio ao copo externo. Deve ser aproximadamente 1cm mais alta que o fundo da melgueira onde vai ser colocado o copo interno. Esta base não precisa ser uma caixa, só deve ser firme e ficar na altura recomendada.







Ferramentas:
Furadeira;
Faca de serra para furar o copo;

Tesoura.

Mãos a obra:
Pegue a faca e faça um furo pequeno nos dois copos bem próximos do fundo, utilize a furadeira com a broca para metais de 5/16’’ e aumente o furo na espessura desta broca.
Coloque a Chulinha encontadas do furo pelo lado de fora e instale o AD-1 com o lado da grapa para dentro do tubo(lado com rosca para fora). Esse sistema garante uma excelente estanquiedade.
O copo que vai ficar dentro da melgueira pode precisar ser cortado se ele for maior que a altura da melgueira. A altura do copo interno tem que ser pelo menos 1cm menor que a altura da melgueira para dar espaço para as abelhas passarem.
Corte a mangueira com um tamanho que ligada ao copo interno atravesse a parede da melgueira e sobre uns 4cm. Encaixe a mangueira no AD-1 do copo que ficará dentro do ninho.

Coloque a tela no copo de forma a encostar no fundo e chegar ao topo do copo também. É importante que a tela também impeça que as abelhas cheguem no canudo, pois elas poderiam fecha-lo quando estivesse sem alimento.
Faça o furo com furadeira na melgueira na altura do furo do canudo do copo interno;
Coloque o copo dentro da melgueira e passe a mangueira pelo buraco.



No lado externo posicione o copo externo sobre algum apoio que quando virada a garrafa com xarope o liquido não fique mais alto que a borda do copo interno.


Corte a mangueira em um pedaço que ligue uma ponta ao AD-1 do copo externo e a outra ponta a válvula divisor . O divisor ajuda muito a posterior manutenção/limpeza do copo externo e mangueiras.




A mangueira do copo interno ligue no outro lado da válvula. Esta válvula além de facilitar a manutenção permite que o alimentador seja ligado a mais de uma colônia.






Agora é só alimentar a abelhas:
Encha a garrafa pet com o xarope, vire o copo de lado e coloque a garrafa dentro de cabeça para baixo. Coloque o copo na base e pronto, abelhas alimentadas. Repita essa operação sempre que quiser alimenta-las. Repare que a garrafa fecha bem o copo o que impede a entrada de forídios e não atraí outras abelhas.


Vídeo que mostra como alimentar:

















domingo, 10 de abril de 2016

Diferenças: Melipona Mondury vs Melipona Rufiventris


Como morador do estado de Santa Catarina tenho grande cuidado em adquirir abelhas nativas da região. As abelhas sem ferrão são muito dependentes do ecossistema onde vivem, têm uma relação íntima com a flora disponível. Além disso elas são responsáveis pela polinização de 80 a 90% das plantas nativas no Brasil. Sendo assim, as melhores espécies para criar são as que naturalmente existem na região onde se deseja instalar um meliponário.

Dentre as nativas de Santa Catarina me interessei muito pela Melipona Mondury, conhecida popularmente também como Bugia, Monduri, Tujuba ou Uruçu Amarela, ela é nativa da Mata Atlântica nos estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Mas pesquisando sobre ela na internet ficou bem difícil de conseguir identificar as diferenças entre ela e sua irmã próxima a Melipona Rufiventris, que é natural das regiões de cerrado nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e  São  Paulo, e também é conhecida como Uruçu Amarela. Foram horas e horas pesquisando na internet, em vários artigos e catálogos até encontrar uma forma de conseguir diferencia-la.

Na minha opinião a forma mais fácil de diferenciar as duas foi através da observação da pelagem da tíbia. A Melipona Mondury tem os pelos da tíbia castanho claro enquanto que a Melipona Rufiventris tem pelos da tíbia mais escuros quase pretos.

Para facilitar a identificação montei uma imagem com exemplos que segue abaixo:

Na imagem acima, no lado esquerdo estão fotos da Melipona Mondury e no lado direito da Melipona Rufiventris. Os círculos verdes destacam a diferença na coloração dos pelos da tíbia. O texto no centro destaca as principais diferenças morfológicas.

Munido desta informação consegui adquirir com segurança meu primeiro enxame de abelhas Bugias, espero que estas informações sejam úteis para aqueles que estão interessados nesta belíssima abelha amarela.

Abaixo seguem fotos das minhas Melipona Mondury(Bugias):


Fontes:
http://locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/3871/texto%20completo.pdf?sequence=1&isAllowed=y

http://livros01.livrosgratis.com.br/cp126134.pdf

http://digiins.tari.gov.tw/tarie/treelist003E.php?id=apid07035001&lev1=3&lev2=0/1/7/&lev3=01&page=3

http://digiins.tari.gov.tw/tarie/treelist003E.php?id=apid07033001&lev1=3&lev2=0/1/7/&lev3=01&page=2


http://moure.cria.org.br/catalogue?id=34670

http://abelhadeouro.blogspot.com.br/2011/07/urucu-amarela-m-rufiventris-mondory.html

http://alexandria.cpd.ufv.br:8000/teses/entomologia/2004/181154f.pdf

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0ahUKEwjTv-bMpoXMAhWLOD4KHdakCKUQFgghMAE&url=http%3A%2F%2Fwww.ufv.br%2Fdbg%2FResumos%25202009b%2Fresumo%2520Camila%2520Valente%2520Pires.doc&usg=AFQjCNEzJpXKYFPG-0xfNEAo_rRSycT6HQ&sig2=EuXdi-s1kEuou5sAiEhYPQ&bvm=bv.119028448,d.cWw&cad=rja